Acordou e bebeu um copo d'água, porque parece que faz bem tomar água em jejum. Resolveu preparar um café da manhã decente, ainda que perdesse alguns minutos do seu sono. Ele sempre toma o café da manhã porque sabe que é a refeição mais importante do dia. Teve paciência para colocar o pão e o queijo na frigideira pra "esquentar" (ele sempre compra pães quando volta do trabalho no dia anterior). Usou uma faca para cada alimento em vez de melecar os frios de manteiga. No final, retirou tudo da mesa e lavou na hora mesmo, porque se deixasse tudo ali até à noite, poderia dar barata. Era isso que diziam, pelo menos. Tomou banho,foi pro quarto se trocar, colocou a cueca, passou desodorante, pendurou a toalha cinza no varal (de cueca mesmo!), buscou no guarda roupas aquela camiseta e calça surrada que usa para trabalhar colocou também o tênis mais ou menos. Ainda arrumou a cama direitinho, até colocar o lençol por baixo do colchão, colocou. Levou também uma blusa, embora não estivesse fazendo muito frio. Como se fosse mágica, o café da manhã que tomou, a louça que lavou e a cama que arrumou fez a ida para o trabalho ser mais tranquila ao pensar que não precisaria fazer tudo isso quando chegar. Chegou, deu bom dia a todos, mesmo aos mais chatos. Também são colegas, tem que falar com todos. É o que diziam. Trabalhou. Na volta para casa, resolveu ver um filme. Foi até o notebook e colocou “Marley e Eu”. Enquanto assistia o filme, lembrou o quanto gostava de comida japonesa, procurou na internet e achou aquele telefone de sushi delivery que adorava. Mas achou caro! E resolveu fazer seu temaki por si só. Foi até o mercado, do lado de seu apartamento Assim que pagou pela compra do peixe, foi pra casa fazer o que mais gostava, sem cerimônia. Se surpreendeu com o quanto aquilo ficou bom. Já haviam dito que o temaki dele era maravilhoso. E realmente era. Não ficou pensando no quanto ia comer. Em vez disso, fez um suco de laranja natural que, disseram, era o mais gostoso que ja tomaram, sabia que valia a pena. E valeu. Cada gotinha, cada golada. O temaki ficou pronto. O sabor do peixe era um carinho para o paladar, um favor para o espírito, um presente para o estômago. Estava tudo maravilhoso o suficiente para ele ficar arrasado, pensando que ela sempre teve razão. Deu cada passo do dia fazendo exatamente o que ela sempre pediu, aconselhou, sugeriu. E tudo deu certo. A água no jejum desceu bem, lavar pratos não doeu. Mexer o café com a colher certa e não com o cabo da faca foi bom. Ser simpático com as pessoas não fez ele ser menos respeitado. A blusa serviu para protegê-lo do ventinho do fim de tarde. Pra piorar, adorou o filme. Fez ele compensar cada lágrima que ela, durante tempos, despejou nas tentativas de arrancar novas atitudes dele. E foi assim, derretendo em frente à TV e sofrendo com a ausência concreta dela, que ele terminou o dia mais perfeito de sua vida. Dia esse que percebeu que ela era tudo o que ele precisava!
Beijos,
Camila Ribeiro
Vem Comigo!
Comentários
Postar um comentário